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Sintaxe e semântica

A sintaxe constitui-se como o estudo de sequências linguísticas subjacentes que contém uma proposição (ao nível da estrutura interna ou abstracta que relaciona o predicado com os argumentos: internos e externo) e que exprime um estado de coisas reais ou imaginárias, concretas ou abstractas podendo ou ser uma frase ou ser um enunciado que para a sua análise exigem o recurso à sintaxe e semântica. Assim, a cadeira procura analisar tal sequência que se diz conter um sentido ao nível subjacente e analisar, também, o próprio significado do enunciado em português, partindo do sentido que lhe for inerente e subjacente. É assim como pensam as autoras Campos & Xavier (1991) e, está correcto este modo de pensar pois, não se pode falar de frase sem sentido visto que a frase é sempre analisada mediante a definição de seu sentido. Desta feita, pode-se avançar que o objecto de estudo da Sintaxe e Semântica é a frase e o seu significado, porém, ambos analisados ao nível subjacente onde se localiza o conteúdo proposicional definido pelo predicador. Ora, repare-se que a partir da proposição do objecto destas áreas, pode-se afirmar que o objectivo primordial seja de analisar tais estruturas realizadas a partir das proposições predizíveis ao nível da estrutura profunda. Portanto, a gramática é a base para a sua análise pela determinação de regras explícitas em confrontação com as implícitas.

 Frase e Enunciado

Uma frase é determinada por princípios que regem a sua boa formação sintáctico-semântica e denomina-se enunciado se os valores das categorias gramaticais que o afectam (nº, género, caso, tempo, deixis, aspecto, modalidade e quantificação) permitem localizar o estado de coisas expresso pela proposição em relação ao parâmetro abstracto – situação de enunciação, Campos e Xavier (1991). É por este pensamento proposto pelas autoras que a distinção entre a frase e o enunciado se apresentam de forma explícita, isto é, uma frase jamais correspondeu ao enunciado, todavia, o enunciado corresponde à frase… verifique-se:

F1. O Carlos estuda as lições.
F2. Em sua casa, o Carlos estudava as lições enquanto os irmãos discutiam.
Se olharmos as frases acima, constatamos que na F1 O Carlos estuda as lições se trata de uma frase somente e não de enunciado pois, o que temos é uma simples relação o predicador e os seus argumentos (externo e internos), com um conteúdo proposicional estudar. Ora, em F1estamos perante uma frase visto apresentar-se em mesmas condições que a frase em 1 e, também se classifica como distintivo por apresentar elementos caracterizadores de enunciados, tais como: o deixis locativo de lugar; o deixis temporal enquanto e os marcadores de continuidade uma discussão contínua.
Portanto, vários são os elementos que distinguem uma frase de um enunciado, mesmo contendo o mesmo conteúdo proposicional determinado pelo predicador, tal como se nos apresentam as construções acima.

 

 

 

 

 

 

Sintaxe e Semântica do Português

  • Sintaxe, Semântica e Pragmática do Português

A linguística é uma ciência que procura compreender a linguagem na perspectiva de sua estruturação interna e possui um campo de investigação claro e rigorosamente limitado ou delimitado; tem um método próprio (comparativista) e altamente eficaz e característico, além de que se envolve com várias outras ciências, tais como: a acústica física, a teoria da comunicação, a fisiologia humana, a psicologia e a antropologia.
A língua funciona com duas espécies de material: sons e significados. Trata-se de um sistema organizado ou estruturado – o que preocupa a linguística pois, analisa a linguagem como uma sequência ordenada de certas espécies de sons com base em padrões previsíveis – o que ajuda ao falante na sua interpretação, (Jr.1961).
A língua não funciona de forma aleatória, tal como se pode pensar. Ela é regida por um conjunto de códigos convencionados pela sociedade e que a sua transgressão leva a um desvio. Toda a língua que se mostrar dependente de outras, então, deve obedecer às regras expostas para a sua ocorrência enquanto se não libertar. Este é o caso do Português realizado em Moçambique que, desde há muito foi e continua a ser dependente de padrões europeus sendo desviante, toda a realização não ligada às regras. A língua portuguesa em Moçambique funciona com base num regimento padronizado pela Europa – o chamado PE.
  • A gramática de uma língua

De acordo com Ruwet & Chomsky (1966) a gramática de uma língua deveria ser capaz de oferecer uma característica do conjunto de objectos que são as frases dessa língua e permitir àquele que a utiliza uma lista ou enumeração desses enunciados. A gramática, pressupõe-se que seja, na óptica destes autores uma colecção de inventários de elementos; e, a certas classes de fenómenos físicos chamamos fonemas; a dos fonemas – morfemas e a dos morfemas se designa por constituintes, tal como se pode ilustrar abaixo:
F→SN + SV
Assim, um número finito de regras permite engendrar uma infinidade de derivações devido ao carácter recursivo de conjunto de regras e, o objectivo de análise de uma língua particular (ao nível dos constituintes imediatos) reside na formulação de um conjunto de regras com a fórmula: X→Y, de forma que cada frase tenha uma derivação a partir do nó Frase.
A gramática de uma determinada língua constitui-se como uma espécie de mecanismo (conjunto de regras) que fornece a especificação completa de um conjunto infinito de frases gramaticais de uma dada língua e de suas descrições estruturais, podendo-se chamar regras sintácticas e ao resultado da aplicação de tais regras designa-se por sequência terminal.
Assim, Crystal afirma que a frase é analisada em sequência de tagmemas em que cada um contém, simultaneamente, a informação a cerca da função do elemento numa estrutura maior e a classe a que pertence. Também, salientam Mateus, Falé e Freitas (2005) que a análise de um fenómeno linguístico depende do domínio de regras gramaticais; o conhecimento dos mecanismos do seu funcionamento para a sua melhor explicação, compreensão, uso e produção mais rica. Existem várias perspectivas do uso da gramática (teórica, descritiva e de apresentação de regras) onde, a linguística se interessa pela sintaxe, porém, com Chomsk, a teoria da gramática generativa. Assim, fica-se a saber que a linguagem determina as categorias universais existentes numa língua e explica as suas relações. A linguística tem como objectivo a criação de uma gramática explícita de determinadas línguas, como modelo de funcionamento da gramática implícita e com base em princípios abstractos poder explicar a actividade da linguagem e do funcionamento das línguas, de acordo com Campos & Xavier (1991).
Deste modo, a gramática de qualquer língua significa o conhecimento global de vários domínios, como: a fonologia, morfologia, sintaxe, a semântica e a pragmática – o que determina a competência linguística de um falante ou ouvinte e que lhe facilita na análise das sequências tagmémicas.
Ora, importa referenciar que as afirmações feitas por Ruwet & Chomsky (1966) não podem hoje funcionar de forma certeira pois, a gramática não pode existir como um instrumento que engloba mentes preocupadas em adivinhar o que os homens precisariam dizer a cada minuto ou contexto comunicacional. Os homens falam tudo quanto pensam sem precisar de usar de um disco duro ou chipe de busca do que então se tiver pensado, porém, o que faz com que tais homens falem devidamente é a estruturação colocada para a produção frásica – baseada no estruturalismo e no funcionalismo. Portanto, partir de um conjunto de regras finitas e gozar da sua capacidade criativa para a produção de uma infinidade de frases. O homem é livre de representar, com o recurso à língua, o seu pensamento e desejo, bastando-lhe o gozo das competências, performance e criatividade.

Por Marcolino Alexandre